COMUNICAÇÃO ENTRE PROJETISTAS E INSTALADORES – Eng. Luiz Olímpio Costi

Uma ótima maneira de garantir a evolução das relações entre instaladores e projetistas é fazer uma avaliação de como andam os recursos de comunicação entre eles! Começemos refletindo sobre quais clientes um escritório de projetos, na visão plena de administração de um negócio, tem que atender através de seus canais de comunicação: o cliente final, contratante, em geral, incorporador, proprietário ou construtor; os clientes parceiros, quer dizer, os projetistas interdependentes que estão envolvidos para que o produto “projeto executivo” seja disponibilizado à obra, ai residindo os arquitetos, calculistas estruturais, projetistas de sistemas como ar condicionado, os consultores, etc.; os clientes aplicadores, quais sejam, os que necessitam executar o projeto em campo, instaladores dos próprios sistemas, ou os que precisam fazer interface e ligações com eles, e finalmente, os clientes usuários, que vão necessitar do projeto como suporte, nesta classe se colocando os usuários e responsáveis pela operação do sistemas no dia a dia, pela manutenção preventiva e corretiva, e os administradores de condomínio, encarregados da segurança e vida útil dos sistemas. Há outros, mas estes são os que mais demandam!
Vejam como a concepção de um projeto é exigente, e o porquê do projeto bem desenvolvido ser fator primordial para o sucesso de um empreendimento: no projeto é que se podem ser estressadas todas as soluções possíveis, as mais viáveis, as que irão permitir flexibilidade da execução inicial à manutenção e mais que tudo, gerenciar riscos e traduzir o mais efetivo compromisso entre custo e benefício das soluções escolhidas para que o objetivo estratégico do incorporador seja atingido. Não custa lembrar que projetamos sistemas, que precisam operar de forma integrada com máxima eficácia. É aqui que queremos refletir sobre um dos aspectos importantes sobre o qual temos nos debruçado recentemente, que se traduzem nos desafios da nova forma de se desenvolver um projeto, sob a plataforma BIM – Building Information Modeling. Esta é uma proposta de quebra de paradigma, onde atuam de forma integrada e simultânea, de maneira ágil e efetiva, o incorporador, o construtor, a arquitetura e os demais projetistas interdependentes de sistemas prediais. A indústria da construção foi a última a aderir a este formato, ou seja, construir / montar o projeto em computador, explorar e gerir soluções virtualmente, antes de executá-lo. Entretanto, na nossa opinião, sua aplicação é irreversível, não tem mais volta.
Saltando as etapas de aprendizado sobre esse novo formato, e os inerentes problemas de adaptação de softwares e capacitação de equipes vividos, gostaríamos de dar foco a dois dos aspectos desta mudança: a eficiência da comunicação dos projetistas com os clientes finais e parceiros, e o novo patamar de envolvimento do executor! O que se almeja com um projeto é que se minimizem ao máximos as interferências entre sistemas, e que isso se traduza num formato mais rentável de desenvolvimento a todos os envolvidos. Ao adotarmos essa plataforma renovadora, pretendemos um aumento de produtividade nos escritórios que atuam sobre o projeto, por que soluções são dadas já resolvendo os espaços ocupados em três dimensões, minimizando as reuniões de compatibilização em cada etapa, que geram retrabalho custoso da concepção até a execução em obra. Neste momento, apresentam-se alguns entraves e um formato diferente de trânsito das informações mostra-se imperativo. Assim, todos os envolvidos devem estar atuando ao mesmo tempo no projeto, “full-time” com foco neste. Como a mudança, soluções têm que ser dadas com grande número de envolvidos, e com maior consistência. Especialistas que já o praticam lembram que a melhor figura deste novo formato seriam todos os profissionais trabalhando numa mesma sala, durante o desenvolvimento do projeto, discutindo soluções e evoluindo com o projeto em tempo real, de forma presencial. Como isso provavelmente não será possível para a maioria dos empreendimentos, devemos buscar o que mais se aproxima disso com práticas inovadoras. Podemos destacar práticas como: o processo continuo de desenvolvimento de projeto, do estudo preliminar ao executivo sem interrupções; aplicação massiva de troca produtiva de informações entre as disciplinas, ordenada, simultânea, por meio de vídeo-conferências, troca rápida de mensagens e imagens, discussões sob produtos com fabricantes “on-line”, etc.; tudo isso, sob coordenação de projetos diferenciada, madura, participativa, com capacidade de decisão relevante, com pleno conhecimento de custos de implantação inicial, dificuldades de execução e de futura manutenção. Notem como é fundamental, para que se consiga resultado significativo, o gerenciamento das mudanças de conceito durante o tempo de desenvolvimento do projeto, etapa por etapa. A visão do projeto em 3D traz uma enorme facilidade no controle da ocupação dos espaços em relação ao momento de instalação de cada sistema. Agora, aparece em relevo o envolvimento do instalador nesse processo de comunicação: um grande acelerador para evoluirmos na eficácia do projeto é a capacitação do executor para usar de forma completa a plataforma BIM, com computadores no canteiro para entendimento e exploração do modelo. Hoje, ainda um dos maiores desafios tem sido a mídia de comunicação dos projetos com a obra. Tem sido gasto enorme esforço na transmissão dos resultados do projeto, para que a obra possa absorvê-los. Queremos dizer, em retirar do modelo de projetos em três dimensões, as plantas, cortes, detalhes e perspectivas das soluções, e registrá-los nos documentos a serem impressos para uso no canteiro. Os instaladores, em obra, deveriam utilizar não só o mesmo programa (software) do projeto, como deveriam habilitar o transporte das imagens de projeto até o local exato da execução, por meio de aplicação, por exemplo, de tablets, ao invés de depender da rigidez do papel impresso! Com isso, poderiam explorar todos os ângulos de visão já estudados, no planejamento da execução.
Sugiro pensarmos nesse avanço das comunicações, tanto no formado de desenvolver projetos em 3D, como com os instaladores utilizando os recursos desta plataforma em sua plenitude! Se conseguirmos inovar, com nova linguagem entre projetistas e executores, os benefícios do bom projeto ou maior extensão da sua aplicação, certamente irão demonstrar muito mais rapidamente seus frutos.

Eng. Luiz Olímpio Costi
Procion
Vice-Presidente de Comunicação – ABRASIP
Revista do Sindinstalação – Ano 1 – Edição 02 – Maio de 2016