É PRECISO AVANÇAR – Eng. Luiz Olímpio Costi

A cada dia, superando dificuldades, fica muito clara a necessidade de sermos mais criativos, ver por outro ângulo cada problema e enfim, consolidar evolução nos nossos trabalhos! Com tanta cobrança e exigência, temos que aprender a lidar com as expectativas e frustrações. Temos que aprender a sermos avaliados, conviver mais com planejamento, mas não nos deixarmos seduzir pelos resumos, pelas sínteses simplistas. E é muito importante enxergarmos a foto toda do cenário. Agregando os problemas do dia a dia ao espírito dos Jogos Olímpicos, vivemos tempos de ressaltar o trabalho em equipe. Isso vale tanto para equipes internas – ou seja, nosso próprio time tem que antever problemas – como com as equipes externas que juntas, levam o resultado ao cliente final, conseguem levar a cabo a execução dos empreendimentos, na nossa indústria da construção. Se formos bem sinceros, mais que nunca mudou nosso gerenciamento de risco: riscos ambientais, riscos de construção, riscos financeiros ( de fluxo de caixa propriamente até insolvência de fornecedores), riscos de segurança do trabalho, riscos legais, “compliance” e normas técnicas.
Aqui vai nosso assunto da pauta, uma zona nebulosa: nesta última area de riscos, dividimos nossas agruras com os parceiros instaladores, quando se tratam das interfaces com concessionarias!! Há os que hão de salientar que as concessionárias, na sua maioria, agora já são privatizadas, visam lucro, e são auditadas. Ora, sejamos sinceros, ainda há muito por fazer nesta área, em termos de eficiência! Se observarmos como houve evolução nos sistemas não destrutivos, nos kits de montagens pre-fabricados, nos dispositivos pre-encaixados tipo “plug-and-play”, enxergamos luz no fim do túnel também nas ligações de nossos edificios com as concessionarias. Sabemos que os instaladores “artesãos” praticamente não fazem mais sentido, sejam nos sistemas hidráulicos, sejam nos elétricos.
Por mais paradoxal que seja, numa das áreas onde a tecnologia é mais importante, e onde as soluções das operadoras e concessionarias apresentam maiores alternativas, temos esbarrado na maior ausência de formatação e de uniformidade de soluções: estamos falando de telecomunicações! Hoje o mercado passa por um problema crônico, não somente no Estado de São Paulo, um dos mais capacitados da Federação, mas ao longo do pais todo, que é a ausência de regulamentação e normas técnicas para interface entre os serviços de telecomunicações das operadoras e concessionarias, e as edificações, sejam elas de que tipo forem, e locadas em grandes centros ou em pequenas localidades.
Para que pudéssemos atingir um maior nível de excelência em telecomunicações, os órgãos oficiais se apressaram, nestes últimos 15 anos, em capacitar o usuário final de todas as formas de serviços “on demand”, desde as TVs por assinatura, até todos as categorias de serviços de telecomunicações – dados, voz e imagem. O perfil do usuário de serviços de telecom mudou, e em prol da mobilidade, hoje trabalhar em casa é uma condição imperativa, e por vezes, o único formato possível nas cidades grandes, pois senão o tempo no transito é muito maior que o disponível para o próprio trabalho. Nesse movimento, os órgãos reguladores procuraram ajustar as obrigações de concessionarias com as áreas publicas das municipalidades. Existem hoje diversas legislações, normas e instruções tecnicas regulamentando o uso do solo, o compartilhamento de redes subterrâneas de energia e telecom, os postes, as calçadas e ruas. As agencias ANEEL e ANATEL já emitiram resolução conjunta até para o preço de uso das instalações compartilhadas, entre concessionarias e operadoras. Em consequência disso, cada concessionaria, na sua área de atuação, vem criando suas normas internas para as redes externas publicas, que distribuem sinal de telecom, TV por assinatura e energia nas cidades, e conseguem atingir o consumidor final. Mas – e sempre tem um mas- falta o ultimo tramo da linha, exatamente a conexão com as edificações!! Na medida que proliferam inúmeras operadoras privadas para cada serviço, e se conflitam disputa de espaço no subsolo entre elas ao longo das ruas e calçadas, com as concessionarias públicas e com as prefeituras, fica mais difícil administrar uma organização dos pontos de entrega, sem um plano diretor maior. Desta confusão resulta que não existe alcance nas normas, nas legislações e nas regulamentações, exatamente deste ultimo trecho que vai da rede externa para o interior da edificação. É fácil confirmar com os instaladores e com as construtoras: de uma forma ou de outra, seja enterrado, seja aéreo, até pelas janelas e pela fachada, o consumidor não deixa de ser atendido com sinais de telecom e TV por assinatura. Para energia, gás, agua e esgoto, como envolve riscos maiores e consequências de maiores perdas financeiras, o mercado foi se auto-regulando. Ainda existem vácuos, casos específicos que não estão nas normas técnicas, e problemas que exigem consultas técnicas particularizadas, mas a maioria dos casos resolve-se com retaguarda técnica nestas concessionarias. Quando vamos para a área de telecom, as coisas se complicam!!Por que acabaram-se os processos de aprovação de infraestrutura de entrada de telefonia, dados ou mesmo sinal de TV por assinatura! Todas as operadoras tem condição de entregar cabo mecânico ou fibra ótica, mas cada um o faz segundo normas próprias. Estas normas não são divulgáveis, nem conhecidas. Não há departamento de projeto nestas empresas. Não há prazo para o cliente final, ou a construtora, ser atendido. Não há regra para, em projeto, se prever a infraestrutura genérica que permita escolher, depois, qual a melhor operadora para entrar no empreendimento, ou esta ser alterada com o passar dos anos. Instaladores e projetistas se unem, sempre no pior momento – a proximidade com a data de entrega da obra – para obter os dados das operadoras cujas redes, naquele endereço, podem capacitar da melhor forma o empreendimento. São soluções ad-hoc, para atender cada caso, mas não é a melhor solução. Apesar do esforço conjunto, muito se perde quando adaptações não planejadas precisam ser feitas para que a obra obtenha sinal de telecom, dados e TV, causando a impressão de improviso. Tudo que não se pode e não se deve nos dias de hoje. O problema se apresenta: urge melhorar esta interface, juntos instalador e projetistas, pois hoje não estamos confortáveis, não estamos atendendo ao construtor de forma planejada. Os recursos das operadoras não estão disponíveis de pronto, por região, os prazos são comprometidos, e as normas técnicas existentes não regulam esses trechos que ligam empreendimento às ruas. Já que a tecnologia chegou ao consumidor final, vamos fazê-la acontecer, de forma inteligente, também nos projetos de infraestrutura deste ultimo trecho de ligação!

ENGº LUIZ OLIMPIO COSTI
PROCION
VICE -PRESIDENTE DE COMUNICAÇÕES
Revista do Sindinstalação Ano 1 Edição 4 – – Julho 2016