LEGIONELLA – Engº Alberto Assenção Pereira Filho

Independente do atual cenário de nossa economia que está “arrasando” com os empregos em nosso setor. Nos cargos de engenheiros, desenhistas, projetistas, auxiliares de produção e também os cargos de gerentes em departamentos de projetos das incorporadas/construtoras. De modo geral este cenário está deixando muita gente na mão !

Os empreendedores do setor estão apertando o cinto e reduzindo ao máximo e no que podem seus custos fixos para que possam sobreviver até meados de Julho/17, que na minha modesta opinião é quando realmente nosso mercado voltará ao “prumo”.

É claro que dificilmente teremos de volta aquela situação que perdurou de 2010 a meados de 2014, isso mesmo meados de 2014. Pois se fizermos uma reflexão e analisar a quantidade de serviços contratados no ano de 2015 chegaremos a essa conclusão.

Principalmente no município de São Paulo, onde tivemos um novo plano diretor que arrebatou com as expectativas de lançamentos das Incorporadoras de modo geral, criando um conjunto de novas regras e necessidades para os projetos arquitetônicos. Sem contar no tempo que o departamento de projetos legais de nossa prefeitura ficou praticamente fora do “ar” paralisando todo nosso setor e deixando na pilha de projetos até mesmo os já protocolados.

Mesmo passando por tempos difíceis, Engenheiros especialistas na matéria de Hidráulica já algum tempo se deparam com uma série de Leis, Decretos, Norma de Desempenho, atualização de normativas com mais de 15 anos de publicação e etc. Com isso aquele projeto que muitos entendiam ser simples e até chamavam de “cheio de bolinhas” que na verdade são as indicações de nossas prumadas que passam através dos pavimentos para condução dos diversos efluentes, passou a ser muito mais complexo e com muitas vertentes que são tomadas na conceituação do projeto Hidráulico.

Neste artigo irei tratar de um assunto delicado que voltou à tona nos projetos hidráulicos,   devido principalmente à publicação da Lei Solar em meados de 2008, as centrais de aquecimento coletivo e com isso muitos profissionais citam o risco da proliferação de uma bactéria denominada Legionella, para defender a prática de sistemas fechados através da introdução desenfreada de trocadores de calor para transferência do calor gerado no sistema fechado para o sistema aberto para utilização dos usuários nos banhos, nos lavatórios, nas cozinhas e etc.

Afim, de auxiliar na formação da opinião dos diversos colegas de profissão, irei transcrever alguns dados que obtive através da leitura de manuais Europeus, artigos científicos e literaturas sobre está bactéria.

Podemos encontrar a Legionella em ambientes aquáticos naturais, em sistemas artificiais, como redes de abastecimento e distribuição de água, redes prediais de água quente/fria, sistemas de condicionamento de ar, sistemas de arrefecimento que são sistemas presentes nos diversos tipos de empreendimentos residenciais, comerciais e industriais.

A exposição à Legionella pode provocar uma infecção respiratória que é transmitida por inalação de gotículas de vapor de água contaminada, com dimensões tão pequenas que veiculam a bactéria até os pulmões, possibilitando a deposição nos alvéolos pulmonares.                   A ingestão da bactéria não provoca a infecção e também não é transmitida no contágio de pessoa para pessoa. A doença atinge adultos, principalmente entre os 40 e 70 anos de idade, tendo maior incidência nos homens.

Fumantes, pessoas com problemas respiratórios crônicos, doentes renais e de um modo geral imunodeprimidos têm maior probabilidade de contrair está doença.

Fatores que favorecem o desenvolvimento da Legionella:

– Temperatura da água entre 20°C e 45°C, sendo ótima entre 35°C e 45°C;

– pH entre 5 e 8;

– Umidade relativa superior a 60%;

– Zonas de circulação reduzida de água;

– Presença de outros organismos em águas não tratadas ou com tratamento deficiente;

– Existência de biofilme nas superfícies em contato com a água;

– Tubulações/materiais em processo de corrosão ou incrustação;

– Adoção de materiais porosos e derivados de silicone nas redes prediais, que potencializam o surgimento/crescimento de bactérias;

 

Principais sistemas e equipamentos associados ao desenvolvimento da Legionella:

– Sistemas de arrefecimento (torres de arrefecimento, Umidificadores, ar condicionado);

– Redes prediais de água quente e de água fria;

– Piscinas climatizadas (jacuzzis e spa’s);

– Equipamentos utilizados na terapia respiratória;

 

Instalações com menor probabilidade de proliferação e dispersão da Legionella:

– Sistemas de abastecimento/distribuição de água;

– Sistemas de água contra incêndios;

– Sistemas de rega por aspersão;

– Lavagem de automóveis;

– Sistemas de lavagem de gases;

– Fontes ornamentais.

 

Algumas medidas de prevenção que minimizam a proliferação da Legionella:

– Assegurar uma boa circulação hidráulica, evitando zonas de águas paradas, ou de armazenamento prolongado, nos diferentes sistemas, a velocidade da água deve ser de pelo menos 1m/s afim de evitar a deposição de materiais na rede hidráulica;

– Facilitar a acessibilidade aos equipamentos para inspeção, limpeza, desinfecção e até mesmo recolha de amostras;

– Utilizar materiais, em contato com a água para consumo humano, capazes de resistir a uma desinfecção com recurso a elevadas concentrações de cloro ou de outros desinfetantes ou com recurso a elevadas temperaturas. Não usar os seguintes materiais: linho, borrachas naturais e óleos de linhaça; em contrapartida é importante aplicar materiais com características anticorrosivas em aço inox, ferro fundido ou PEX (polietileno reticulado);

– Evitar temperaturas entre os 20°C e os 50°C;

– Os tanques de armazenamento de água devem manter a temperatura da agua próxima dos 60°C, de modo a permitir em qualquer ponto da rede uma temperatura mínima de 50°C;

– No caso de existir mais do que um tanque estes devem obedecer a uma montagem em paralelo, e se a temperatura for usada como meio de controle, então a saída dos mesmos deve-se atingir os 60°C;

-Manter a temperatura da agua, no circuito de agua quente, acima dos 50°C, no ponto mais afastado do circuito ou na tubagem de retorno ao acumulador. A instalação deve permitir que a água eleve-se uma temperatura de 70°C;

Sugiro a todos que ler este artigo, se aprofundar mais neste assunto. Pois aqui só conseguimos transcrever as principais informações. Assim conseguimos avançar para futuros debates entre os profissionais de nossa área afim de estabelecer realmente quais sistemas são melhores para combate e prevenção da Legionella.

 

ENGº ALBERTO ASSENÇÃO PEREIRA FILHO

GERA

ABRASIP – Vice- Presidente de Atividades Técnicas

Revista do Sindinstalação Ano 1 Edição 05 – Agosto /2016